[Aura pura de boneca.
Cabelos lambuzados com o mais doce mel.
Saia de chita e flor de crochê.
Olhos de amora madura.
Enfeites no pescoço e couro no pé.
Pele macia como lençol de algodão.
É moça menina na ciranda de som.
É melodia dos pássaros.
E quente como o sertão.
Intensa como a caieira.
E forte como o trovão.
Trovão que assim como Maricota, divide o céu e a terra!!!
Um chão rasgado para dançá!
Laços e fitas sempre a voá!
Uma paixão usada que pode enjoá.
Maricota quer um Nêgo pra gostá!
Com gingado no pé e inocência na alma.
Um cangote pra cherá.
Um olhar que batuque o seu coração.
Alguns cachos pra enrolá.
E uma barba pra enroscá.
Ah, e tem que ser carregado no tempero!!!
Tem que ter o gosto da terra e a cor do pecado.
Essa Maricota só pensa em namorá.
Só sonha em beijá nessa geografia solitária de pedras quentes.
Quer um parceiro pra seguir nessa vereda de flores mutantes.
Quer poesia a toda hora.
Lágrimas de alegria: água pura todo dia, pra lavá a secura do seu coração.
Não é pra menos.
Nesse lugar de mente só e corpo fraco.
A saída é ter alguém pra bater um papo.
Um ouvido pra ouvir sua tristezas
Um alguém que faça tranças e caretas.
E deite na rede, pra contá estrelas e ver o sol nascer.
Nesse mundo de solidão, a Maricota só quer o ganha pão.
O alimento que dá forças pra viver.
A energia pra superar a dor.
A Maricota só quer saber o que é amor.]
sexta-feira, 27 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
Dorme bem, meu bem!
[Ele dormia em declaração.
Tinha as mãos levemente levadas ao queixo.
O dedo indicador apontava para os olhos cerrados em sono profundo.
A boca entreaberta como que fotografada no intervalo entre um sim e um não.
Ele dormiu em prece.
No céu da boca guardou meus gostos.
Na pele armazenou meu cheiro.
E tatuou com dor minhas palavras no próprio coração.
Deitado de lado, sereno e completo, adormeceu em ato de amor.
Sua expressão era de gratidão, como se minha presença fosse territorial.
O sorriso discreto era a confirmação da saudade sanada pela fragrância anis.
"Ai, meu bem, como dormir é só!
Quanta solidão vazia e inconsciente nesse teu descansar."
O peito respirava paz.
Como se ele soubesse, mesmo diante daquela escuridão, que eu tinha ido em busca do que me pertencia.
Tive vontade de cobri-lo com meu corpo e com minhas lágrimas. Mas era sábado a noite. Eu não podia chorar. E ele não podia falar.
Na falta do que dizer, adormeceu.
Ele se deitou mansinho, para não acordar os próprios medos.
Driblou a alma que pedia socorro, fechando os olhos e entregando ao mundo o meu amor.
Senti-me desamparada.
Calcei os sapatos e caminhei até a porta.
Traguei o último rastro de amor que restava no ar.
Intoxiquei meu orgulho.
Soube naquele momento de despedida vã que eu passaria a ser somente mais uma lembrança embaçada, uma declaração antiga, o gosto sutil de um sonho bom.
Queria fugir, mas o labirinto da vida me enforcou.
Não havia mais pés para correr, eles foram exterminados junto com o bom senso.
Não havia mais como abrandar o coração, ele sangrava junto com a paciência.
O sexo foi corrompido junto com o juízo.
Não havia mais saída.
Era preciso refugiar-se dentro de si, trancar-se através do sono profundo.
Dormir por alguns séculos.
O suficiente para quem tem a angústia em cada esquina, a fome no estômago, a mudez na palavra. O bastante para o amor perdoar o egoísmo]
Tinha as mãos levemente levadas ao queixo.
O dedo indicador apontava para os olhos cerrados em sono profundo.
A boca entreaberta como que fotografada no intervalo entre um sim e um não.
Ele dormiu em prece.
No céu da boca guardou meus gostos.
Na pele armazenou meu cheiro.
E tatuou com dor minhas palavras no próprio coração.
Deitado de lado, sereno e completo, adormeceu em ato de amor.
Sua expressão era de gratidão, como se minha presença fosse territorial.
O sorriso discreto era a confirmação da saudade sanada pela fragrância anis.
"Ai, meu bem, como dormir é só!
Quanta solidão vazia e inconsciente nesse teu descansar."
O peito respirava paz.
Como se ele soubesse, mesmo diante daquela escuridão, que eu tinha ido em busca do que me pertencia.
Tive vontade de cobri-lo com meu corpo e com minhas lágrimas. Mas era sábado a noite. Eu não podia chorar. E ele não podia falar.
Na falta do que dizer, adormeceu.
Ele se deitou mansinho, para não acordar os próprios medos.
Driblou a alma que pedia socorro, fechando os olhos e entregando ao mundo o meu amor.
Senti-me desamparada.
Calcei os sapatos e caminhei até a porta.
Traguei o último rastro de amor que restava no ar.
Intoxiquei meu orgulho.
Soube naquele momento de despedida vã que eu passaria a ser somente mais uma lembrança embaçada, uma declaração antiga, o gosto sutil de um sonho bom.
Queria fugir, mas o labirinto da vida me enforcou.
Não havia mais pés para correr, eles foram exterminados junto com o bom senso.
Não havia mais como abrandar o coração, ele sangrava junto com a paciência.
O sexo foi corrompido junto com o juízo.
Não havia mais saída.
Era preciso refugiar-se dentro de si, trancar-se através do sono profundo.
Dormir por alguns séculos.
O suficiente para quem tem a angústia em cada esquina, a fome no estômago, a mudez na palavra. O bastante para o amor perdoar o egoísmo]
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Boca Sórdida
[e o problema todo reside em segurar a boca;
amordaçar o beijo que me escapa,
conter as palavras que regurgitam dor,
unir os lábios rachados para que nao acusem o delito.
Existir assim, tão nua e transparente, afeta minha paz e minha conduta.
Redizer aquelas falas densas no teu ouvido enfatiza a minha fraqueza inumana.
A boca morre anestesiada e muda pela frase envenenada que condena.
E eu morro a cada passo que te convenço e silencio.]
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