De todos os momentos de intimidade perfeita, aquele sob céu chuvoso no sábado á noite foi o de maior ternura e exatidão. Tínhamos saído do cinema, comovidos, unidos, restritos.
Após um gole d’água distraído, algo inexprimível invadiu subitamente meu coração. Num impulso de vida, exclamei : -Sou completamente apaixonada por você! E num abraço de amor puro, nos encaixamos protegidos da vida e de suas intempéries. Dentro daquele abraço, renasceram as formas de amar e receber, de doar e permanecer.
Olhando para seus olhos mareados, me vi menina, moça ,mulher .. Assisti à meu próprio desabrochar em flor. Me vi desenrolada de minhas defesas, desembrulhada de mim. Nua. Belamente exposta àquele que, como um montanha intransponível, seria meu homem, para sempre.
Naqueles segundos, que transformo em eternidade, senti dentro de mim um incompreensivo pulsante, vivo, um canto. Cada fração de tempo daquele momento constituía o que eu poderia chamar natureza. Um fenômeno urgente de bem-estar tranqüilo e certeiro. Um acomodar-se na confiança, estar à vontade com o proibido, estar pleno e consciente.
Eu sabia. Ao lado dele eu era livre.
E o canto não interpretado, expandia-se em silêncio. Eu, privada de qualquer intenção de elucidar sentimentos, devorava-o em beijos e juras secretas.
De olhos fechados, decifrava o medo alegre de entender. Tateando sua pele macia, entreguei-me ao silêncio, e de forma oca, compreendi o canto íntimo. Era um pássaro que piava dentro de mim: GRATIDÃO! Com uma voz mansa, me envolvia em notas suaves de presença e paz.
Ah, a gratidão! Que melodia sublime. Como é linda essa canção. Esse som que me ultrapassa e me norteia, me deixa cheia de doçura. É a parte que não tinha.
E como dói morrer em mim a parte que grita e machuca. Meu olhar parado, aflito, cheio de simultaneidade, recorda medos e traumas. Peço perdão desvairado, jogando-me ao chão, desentranhada, cheia de perguntas. Não ouço nada. Sem movimentos, estremeço. Num surto confuso, emudeço. Te evito e te esqueço. Assim, se afastas de mim. E como num temporal, alago-me de lágrimas e ensurdeço em trovoadas. Mas vem o vento, bento. Varre nuvens. Espalha sementes.
Sorrio. E dentro em mim, nasce o sol e canta novamente o pássaro da gratidão. Recolho os restos do orgulho morto. Aceito, com resignação, a revolução que operas dentro de mim. E nesse discurso de Deus e Beleza, choro, agora, lágrimas santas de gratidão!
Gratidão
pelo sol, guia protetor dentro e fora de mim
pelas pernas que andam firmes
pelos olhos que enxergam cores
pelo mar, diante de mim todos os dias
por lábios que saboreiam teus lábios
por meus pais, teus pais, nossos irmãos.
pelos anjos, fadas e pretos velhos protetores
pela cabeça que pensa sonhos
pela mente lúcida e o corpo são
pelas estradas, rodovias e avenidas à escolher
pelo verbo amar como protagonista, e pelo sorrir, como coadjuvante
pela transformação como possibilidade e evolução como meta
Gratidão por nossas bocas que se uniram vorazes, por nossos corpos arrepiados diante do mar, por nosso céu enluarado e por nossas mãos que se encontraram tímidas no decorrer desse um ano!
Gratidão por existir perdão. Por termos fome de sinceridade e sede pela verdade. Por nossos sentimentos caminharem juntos desde o inicio.
Lhe agradeço, meu Rei.
Por estar, compreender e reciclar. Ignorar, quando necessário, Absorver e atentar sempre, não só quando preciso. Agradeço por liderar e ser liderado, falar e escutar, admirar e entender minhas manobras!
Agradeço pela chance, pela conquista, pela leveza e por toda a sabedoria!
Por chegar de mansinho e me surpreender.
Agradeço a simplicidade do nosso amor, a clareza das suas certezas e
Principalmente, agradeço por compormos juntos, em mim, essa linda canção de gratidão!
Tua mulher sabor caramelo, neGALEGA!
domingo, 18 de outubro de 2009
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Um comentário:
Você escreve lindamente, e é ainda mais lindo aos olhos de quem lê sabendo mais ou menos o que se passa! :)
Parabéns pelo 1 ano de vcs...
beijos linda!
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